Deserto do Atacama – Chile

Minha Vez de Falar... por Felipe Sartori

Para quem não sabe, o Felipe Luiz é meu irmão. Não é à toa que ele aparece em várias fotos aqui no blog rs. Pois bem, ele fez uma viagem incrível para o Deserto do Atacama com mais 3 amigos e ela tinha que entrar aqui.

Só pra te localizar, o deserto fica na região norte do Chile e vai até a fronteira com o Peru. Ele é considerado o deserto mais alto do mundo e tem mais de 1.000 km de extensão.

“Nós estávamos em 4 pessoas e decidimos fazer uma viagem curta – tínhamos uma semana – e queríamos algum lugar que nenhum de nós conhecesse, daí surgiu a ideia do Deserto do Atacama.  


Características

Antes de começar, você precisa saber algumas coisas sobre a viagem pra lá...

• Essa é uma viagem um pouco cara – a gente não queria gastar muito, mas pra lá não tem jeito, porque pra fazer todos os passeios você depende de uma agência (tem que escolher uma agência boa porque você vai ficar completamente dependente dela). Dá pra tentar economizar em outras coisas, mas a cidade em que nós ficamos era pequena e as opções de hotéis e hostels eram todas meio caras também. 🏠
• Os passeios são todos na natureza então depende do clima que você pegar naqueles dias. De todos os que a gente pensou, 3 deles não deram certo: em 2 deles a estrada estava fechada porque nevou muito e, no 3º, um caminhão deslizou na neve e tombou fechando a estrada, então também não conseguimos fazer. Tem que ter uma flexibilidade e entender que imprevistos acontecem. ❄
• Em parte, essa é uma viagem pra relaxar e curtir a paisagem e a natureza, mas também acaba sendo bem puxada, já que todo dia tinha que acordar bem cedo pra sair para os passeios. 🌄
• A gente tirou mais de 2 mil fotos nessa viagem. O lugar é muito bonito (e diferente) e teve dias em que a gente fez os passeios sem mais nenhum grupo, então o guia da agência tirou várias fotos legais de nós. 📷
• Em alguns momentos nós ficamos com enjôo e dor de cabeça por causa da altitude – varia de 2.300 m a 4.300 m –, demora uns dois dias pra você se acostumar direito. A folha de coca pra mascar e o chá são vendidos em qualquer lugar, mas não resolvem muito. 🍀

Chegando no Deserto do Atacama 

San Pedro de Atacama

Nós pegamos um voo de madrugada de Guarulhos (São Paulo) pra Santiago (Chile). Pesquisando, descobrimos que o melhor lugar para trocar Real por Pesos Chilenos - CLP - era em Santiago. Dormimos um pouquinho no aeroporto e depois fomos pra cidade. Passamos a manhã por lá e voltamos pro aeroporto pra pegar o segundo voo, desta vez pra Calama. Depois, pegamos um transfer até San Pedro de Atacama, que foi nossa cidade-base. Escolha uma hospedagem perto da rua principal, chamada Caracoles, onde tem restaurantes e lojas.

A gente já tinha escolhido e conversado com uma agência de turismo antes de chegar lá (tem várias opções, a nossa foi escolhida por indicação de amigos). Então, quando chegamos de transfer, já fomos conversar com eles para definir os passeios e organizar o nosso roteiro. Tinham passeios de meio-período e de dia inteiro, escolhemos uns mas fomos acertando a cada dia – já que alguns não deram certo.


Passeios no Atacama

- Dia 1: 
Passeio da manhã: Termas de Puritama 

A agência de turismo passou no nosso hostel e nos levou para as Termas de Puritama. São 8 piscinas termais, uma do lado da outra, com água quente, que chegava a 39° C. Mas, do lado de fora a temperatura não passada de 8° C! A empresa que a gente contratou sempre levava roupão de banho pra nós, mas tinham algumas outras que não forneciam, então as pessoas corriam de uma piscina pra outra no frio – se a sua empresa não emprestar toalha, leve a sua! Nadamos um pouco e depois comemos o almoço que a agência preparou. A alimentação varia bastante de empresa pra empresa, mas a nossa era bem legal nessa parte. Depois disso, voltamos pro hostel.

Passeio a tarde: Vale de la Luna e Valle de la Muerte (o mais legal)

Descansamos umas duas horas e o carro veio buscar a gente de novo. Fomos para o passeio que eu achei mais legal da viagem. A primeira parada foi no Valle de la Luna, fizemos uma trilha no meio das pedras e cavernas para ver a formação de rocha com sal, depois subimos mais um pouco de carro e mais um pouco à pé até chegar em um ponto de vista panorâmica: deserto de uma lado e a cordilheira de outro. Muito bonito. Tiramos várias fotos e seguimos para as próximas paradas.

 

Passamos pela Pedra do Coyote e chegamos no Valle de la Muerte, onde tinha um precipício na cordilheira. Enquanto ele montava o coquetel, nós passeamos pelo lugar, e depois sentamos para comer e assistir ao pôr do sol, que refletia nas montanhas. Esse foi um dos passeios mais bonitos da viagem.

- Dia 2: 
Passeio da manhã: Geysers El Tatio 

Acordamos 4h da manhã porque tínhamos que chegar no lugar quando ainda estivesse bem frio para podermos ver o vapor da água subir com a mudança de temperatura. Esse dia foi o mais frio, pegamos -15° C no topo da montanha. Tem um caminho por onde você pode andar e ver os geysers, alguns são constantes outros não, e tem um cheirinho de ovo no fundo. No lugar até tem uma piscina de água termal, mas a gente não conseguiu entrar porque estava muito frio! Não esqueça sua toalha. 

 

Paramos pra tomar café e depois continuamos o passeio de carro, fazendo algumas paradas na montanha. No meio do caminho vimos até uma vicunha (parece uma lhama) e, mais pra frente, chegamos num vilarejo onde experimentamos carne de lhama no almoço (é boa, tem gosto de carne de vaca, vale experimentar).

 

Passeio da tarde: Laguna Cejar

À tarde saímos pra mais um passeio. A Laguna Cejar é uma lagoa com concentração de sal bem alta mas, dessa vez, não era termal. Entramos bem rapidinho só pra ver como era, mas a água estava bem gelada. Foi engraçado, ficamos boiando mesmo. Ali do lado tem um chuveiro e vestiário (também com água gelada) pra tirar o sal do corpo. Depois passeamos em volta... O chão parecia uma praia, mas não era areia, era sal! 

Frio é para os fracos

Passamos por outras lagoas e chegamos na última, que tinha alguns flamingos no meio e uma vista bem bonita. Andamos mais um pouco e sentamos por ali para comer mais um coquetel – o guia até ensinou a gente a fazer Pisco (a bebida). A ideia era ver o pôr do sol, mas surgiu uma neblina na hora e atrapalhou um pouco – ainda assim era bonito. Voltamos à noite.

- Dia 3: 
Passeio da manhã: Lagunas Escondidas de Baltinache 

Neste dia nossa primeira parada foi em um ônibus enferrujado no meio do deserto. (Já assistiu ao filme Na Natureza Selvagem? Confira alguns filmes de viagem AQUI .) Enquanto o guia preparava o café da manhã, passeamos por ali, tiramos fotos e depois tomamos o café dentro do ônibus! Como não tinha mais ninguém por ali, deu pra aproveitar bastante. Continuamos de carro até as 7 lagoas de sal no meio do deserto. 

Só podia entrar em 2 delas, na primeira e na última, por causa dos minerais na água, mas eram todas perto uma da outra. Como estava frio escolhemos entrar na última só. Tem um caminho de pedras definido por onde pode andar para não estragar a paisagem. Estava super frio de novo, mas eu dei uma entrada rapidinha. Nessas você também flutua. Depois almoçamos e voltamos pro hostel. À tarde, a gente estava acabado e ficamos descansando.

 

Passeio da noite: Tour astronômico

De noite, jantamos na Rua Caracoles e fomos fazer o Tour noturno. Esse passeio depende da visibilidade da noite. O guia leva todo mundo pro meio do deserto para ver as estrelas e planetas. Tem uma explicação de astronomia e depois a gente fica observando pelo telescópio dele. No fim, tiramos uma foto do grupo.

Passeios perdidos

A gente ainda tinha 2 dias mas os passeios que queríamos fazer estavam fechados por causa da neve. Decidimos ir pro deserto de sal na Bolívia, uma psseio que dura 2 dias, mas também não deu certo por causa do caminhão que fechou a estrada – o guia tentou levar a gente duas vezes durante a manhã mas a estrada ia demorar para liberar. Daí, conseguimos adiantar nosso voo de volta de Calama para Santiago. Passamos um dia na cidade de San Pedro de Atacama vendo as lojinhas e bares e depois fechamos o último dia passeando em Santiago. 

1. Salar de Tara – fica a 140 km e a 4.400 m de altitude e é um lugar cheio de pedras gigantes formadas por erupções vulcânicas que ficam em pé; na vertical.
2. Lagunas Altiplânicas e Piedras Rojas – as lagunas também ficam a mais de 4 mil m de altitude e também são lagunas de sal. Já as Piedras Rojas são uma formação no chão com pedras vermelhas. Atrás tem uma lagoa também, que deixa a vista bem bonita para fotos.
3. Salar de Uyuni, o deserto de Sal na Bolívia – é um grande espaço com sal no chão e, quando molhado, cria tipo um espelho refletindo tudo.
4. Balada no deserto – Atacama tem umas leis estranhas, por exemplo, não pode dançar na cidade - os estabelecimentos precisam de uma licença que ninguém consegue ter. Então não tem balada, nem nada de dança. Outra lei é que não pode beber álcool na rua e, se for beber em um restaurante, só pode se for comer também. A gente ouviu falar que tem uma “balada secreta” no deserto e até vimos uma movimentação de pessoas, mas não fomos atrás porque todo dia a gente tinha que acordar bem cedo. Quem sabe na próxima!

Dicas para enfrentar o inverno no deserto

- É bem seco – leve soro para o nariz
- O sol queima mesmo no frio – passe sempre protetor no rosto e hidratante labial com protetor solar também 
- Depois de sair das piscinas de sal, é bom passar um hidratante porque fica tudo ressecado
- Para o frio, se vista em camadas. A temperatura variou de -15° a 20° C, então é bom estar preparado. Veja AQUI o que levar na mala no Inverno e no Verão.  
- Leve uma bota de caminhada, pois o chão é todo de terra batida e pedras. 
- Só tem uma estrada para entrar e sair da cidade, por isso é bom se planejar para sair com antecedência pra não perder o voo. No nosso caso, a estrada ficou fechada um dia antes.”

Essa foi a super viagem do Felipe e dos seus amigos. Você já foi pro Atacama? Fez outros passeios? Conte aqui como foi. E, se você ainda não foi, está esperando o quê?

Boa viagem.