quinta-feira, 20 de junho de 2019

Viajei sozinho para a Europa pela 1ª vez!

Minha Vez de Falar... por Erick Paytl



Conheci o Erick no trabalho em 2014, lá em São Paulo, e não imaginava que nos encontraríamos aqui pelas terras europeias, ainda mais pra contar uma história como a de hoje, cheia de inspiração e encorajamento! Depois de duas viagens solo pelo Brasil, ele decidiu embarcar em uma aventura sozinho para outro continente pela primeira vez!

Além da facilidade absurda em alguns pontos de planejamento, como autonomia, flexibilidade e independência, ele percebeu também que, apesar de estar sozinho, não se encontrava sozinho! Confira abaixo como foi essa viagem, junto com dicas e sugestões para você perder o medo e apostar nesta também!


Lá e de volta outra vez - Minha experiência de viajar sozinho

Você vai viajar SOZINHO??? Essa é a primeira pergunta que a gente ouve quando decidimos fazê-la, normalmente, de uma pessoa (não vou dizer quem é) que vai ficar muito preocupada enquanto você estiver curtindo suas férias longe de casa. E a pergunta vem desse jeito, cheia de surpresa, preocupação, aflição... Praticamente como uma forma oculta de dizer para você depois que já tomou sua decisão que você “está doido”!

Apesar da preocupação (com certa razão) das nossas mães (ops!) e da estranheza de algumas pessoas ao nosso redor, viajar sozinho é uma das atividades mais incríveis, construtivas e saudáveis que existem! Não que viajar junto com amigos, familiares ou cônjuge seja pior ou melhor – na verdade, não acho muito sensato fazer esse tipo de comparação entre ambas as coisas -, mas viajar sozinho proporciona alguns propósitos e momentos únicos muito interessantes para a vida da gente, para o nosso interior em termos de capacitação, buscas e realizações pessoais. Não é apenas viajar por viajar e, ao mesmo tempo, também não é estar sozinho.


Paris
Neste ano, eu decidi me aventurar em uma viagem para a Europa. Fazia muitos anos que eu queria conhecer o continente europeu, mas só no final do ano passado, após ter guardado uma grana considerável e acreditado finalmente na possibilidade da viagem, que me senti mais motivado e inspirado para realizar esse sonho.

Acho que o maior desafio de viajar sozinho, pelo menos no meu caso, foi justamente decidir viajar sozinho. Normalmente, quando a gente viaja na companhia de alguém, a gente se sente muito mais seguro, principalmente se a viagem for para um destino muito longe de casa, com muitas atividades, e se o lugar tiver uma cultura e idioma oficial muito diferentes dos nossos. Por isso e por outras razões pessoais de cada um, costumamos colocar muita barreira psicológica logo de cara da ideia de viajar sozinho.

Mas depois que se quebra essa enorme fortaleza psíquica, você percebe que as pressões internas vão ficando cada vez mais brandas e também percebe as inúmeras possibilidades e oportunidades que há em uma viagem solo.

Uma das primeiras mordomias, com certeza, é a autonomia maior na hora de traçar a rota, definir as datas e montar o roteiro da trip. Como a viagem só depende da preferência de uma pessoa, e da quantidade de dinheiro e tempo que ela tiver, a isenção é muito maior na hora de “desenhar” a viagem. No meu caso, que já estava um pouco em cima para decidir as coisas, esse fator ajudou muito. Pude definir com tranquilidade os lugares que julgava imprescindíveis conhecer, assim como os passeios que achava mais interessantes e mais ou menos o tempo que destinaria para cada um deles.

Fiz minha rota levando em consideração os países que mais queria conhecer e também a aproximação das cidades que seriam visitadas. Acabei optando por fazer Paris-Bruxelas-Bruges-Amsterdam-Berlim, em uma viagem que durou 15 dias (março/2019).


Berlim
Foi uma experiência incrível! Ainda aqui no Brasil fiz as reservas de hotéis, comprei minhas passagens e chip de Internet (essencial para pessoas perdidas que nem eu que precisam de GPS para quase tudo na vida em questão de mobilidade), além de comprar as entradas de alguns passeios (museus e principais atrações na Europa têm grandes filas). Pesquisei ao máximo informações sobre os costumes desses países, pontos turísticos e suas localizações, horários das atrações e regras e funcionamento do transporte público que iria utilizar.

Fazer essa pesquisa toda foi imprescindível para que eu pudesse realizar uma viagem de maneira confortável e evitar ao máximo os imprevistos e perrengues que poderiam acontecer (sempre acontecem alguns).

Nessa fase pré-viagem, contei muito com a ajuda de alguns amigos que já passaram pela mesma experiência e que conheciam a Europa bem melhor do que eu, inclusive a Amanda, autora deste blog, que me auxiliou bastante em todos os momentos e que, com certeza, manja muuuito mais do continente Europa do que eu (momento merchan: acompanhem e curtam este blog!). 😄

Outro fator que levei bastante em consideração enquanto planejava meu mochilão foi estabelecer um roteiro compromissado, bastante ocupado em passeios e viagens, e que me permitisse ficar o mínimo de tempo possível nos quartos dos hotéis. Assim, além de aproveitar muito mais e conhecer os lugares que me interessavam (eram muitos), eu não corria o risco de ser visitado pelo sentimento de solidão. 

Bem, quando cheguei em Paris já dei de cara com o primeiro imprevisto (como disse, eles sempre acontecem): chuva e frio. Eu sabia que as condições climáticas não seriam das melhores, mas a meteorologia tinha indicado uma semana mais amena na capital francesa até aquela ocasião. Pelo que vi, acho que nem para os próprios franceses a temperatura estava amena (risos). A questão aqui é que no primeiro dia mesmo na cidade luz tive que modificar o meu roteiro inicial (todo programadinho) e reprogramar alguns dos meus passeios. 

Essa experiência foi muito interessante porque, embora ela exigisse um pouco mais de foco para lidar com o imprevisto sozinho e não acabar perdendo meu dia de viagem, me possibilitou tomar iniciativas de maneira muito independente, sem qualquer tipo de pressão externa. Assim, com uma autonomia maior, consegui tomar decisões mais breves e optar por fazer passeios mais próximos e bacanas de onde estava naquele momento (estar bem informado me ajudou muito também nesse aspecto).

Outro ponto muito interessante de viajar sozinho, além dessa questão de autonomia e liberdade maior para fazer as coisas e lidar com imprevistos, foi a flexibilidade da viagem que fiz. Quando fui ao Museu D’Orsay, por exemplo, me encantei por aquele lugar (mais do que previa) e, por isso, dediquei um tempo muito maior lá dentro, apreciando todas aquelas obras de arte incríveis. Quando subi na torre Eiffel, foi parecido. Embora seja espetacular ver Paris lá de cima, estava muito frio e ventando, mesmo assim eu fiquei um tempo muito maior do que muitos ficaram, suportando aquele clima.


Bruges
É claro que numa viagem solo nem tudo é um mar de rosas e, apesar desses pontos que já coloquei até aqui, há também lá suas limitações. Uma delas é em relação à segurança. Viajar sozinho, às vezes e dependendo do local, causa naturalmente um sentimento de insegurança. Isso foi bem comum nas outras viagens solo que fiz pelo Brasil. Essa prática também exige muita noção espacial, observação ao redor e o dobro ou triplo de atenção com os pertences pessoais, principalmente. 

Inclusive para tirar fotos é preciso estar muito atento e ser bem estratégico, mesmo em cidades mais seguras que as daqui do Brasil. Quando, por exemplo, queria tirar aquela selfie, olhava bem ao meu redor antes e segurava com firmeza o celular e os meus pertences junto ao corpo para não correr o risco de ser assaltado. Também tomava muito cuidado quando precisava pedir para alguém tirar uma foto para mim; procurava escolhia a pessoa e só depois de um tempo observando ela e me garantindo que se tratava de uma pessoa de bem é que pedia para bater uma foto.

Vendo o lado bom dessa parte da história, pelo menos, eu acabava interagindo (mesmo que de maneira breve) com muitas pessoas novas quando fazia o pedido. Como disse antes, viajar sozinho nem sempre significa estar sozinho.

Em Bruxelas, encontrei uma temperatura mais amena (para mim, pelo menos, que sou calorento) e tive imprevistos bem menores. O maior e mais previsto deles foi quando fui comprar minha passagem para Bruges, para onde faria um bate-e-volte. Havia um instrutor no terminal que falava com um sotaque distinto e, para ajudar, com certa uma rispidez na voz. Nem o bom dia dele eu entendi direito. Felizmente, quando cheguei no balcão para comprar a passagem, a funcionária foi muito simpática, me fez as mesmas perguntas que aquele instrutor tinha feito e eu entendi bem. Ainda ganhei um elogio dela pelo meu inglês quando disse que estava tentando (I’m trying) me pronunciar da melhor forma. Realmente, a gente não viaja o tempo todo sozinho.

Canais de Amsterdam
Em Amsterdam, cidade tão maravilhosa quanto Paris, onde passei quatro dias, o tempo estava igual ao da cidade luz e absorvi uma atmosfera maravilhosa em que a agitação do centro da capital contrasta com a região dos canais em volta, mais tranquilos e silenciosos. Embora tivesse tido uma dificuldade na chegada – não sabia que sair da estação exigia passar o ticket do trem que peguei em Bruxelas nas catracas e levei tempo para descobrir isso – consegui me virar muito bem nos dias que passei por lá. O fato do holandês ser uma língua diferente e menos popular do que a nossa aqui no Brasil não causou impedimento nenhum e nem tive imprevistos em relação a isso.

A cidade dos Países Baixos é muito movimentada para se sentir só e em cada atração que fui, estava mantendo contato com alguém. Em um dos dias, quando fiz um bate-e-volta para Giethoorn, um vilarejo que fica a Nordeste de Amsterdam, acertei ao fechar uma excursão para lá, tendo em vista a dificuldade para chegar e também porque pude viajar com mais gente e, inclusive, praticar um pouco do meu inglês com as pessoas e com o guia. Uma vez mais, não estava sozinho. 

Em Berlim, confesso que não me envolvi tanto com as pessoas e achei a cidade um pouco menos agitada do que Paris e Amsterdam. Mesmo assim, com um lugar daqueles tão rico em museus e memoriais, não tinha como sentir falta do que fazer. Independência, autonomia e flexibilidade me ajudaram muito a aproveitar os passeios e me aprofundar mais na história da capital alemã.


Giethoorn, a Veneza da Holanda
Acredito que, no meu caso, o lado mais valioso de viajar sozinho – e que atendeu ao meu objetivo nesta viagem, além do aproveitamento e da diversão – foi o autoconhecimento que adquiri. Quando você viaja com alguém ou em grupo, sua interação com os demais integrantes acaba sendo uma das coisas mais importantes da sua trip. No caso da viagem solo, não há esse tipo de interação (que também é muito valiosa), mas, nesta viagem tive a oportunidade ímpar de me relacionar mais comigo mesmo, enquanto me divertida e conhecia novos destinos, absorvendo as atmosferas dos lugares que visitei e, ao mesmo tempo, deixando neles a minha marca.

Junto disso tudo, pude colocar em prática as minhas capacidades individuais, me desafiar e ser desafiado com eventos em lugares desconhecidos e provar para mim mesmo que sou capaz de atingir novos horizontes, de uma maneira muito mais livre e leve do que antes, quando ficava preso aos meus medos e receios de coisas que nem tinham acontecido.

Além de turística, a viagem foi uma realização pessoal, de amadurecimento e de evolução. Ainda agora penso em como eu, que tinha uma visão tão limitada em minha criação humilde, e que morria de medo na infância de pegar um avião, consegui fazer isso. Foram muitos fatores e também muitas pessoas que me ajudaram a correr atrás deste sonho – e também dos próximos que se tornarão realidade.

Um comentário:

  1. Parabéns, Amanda pelo blog. Parabéns, Erick pelo longo e emocionante vôo.

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